JM
Cunha Santos
A
imprensa às vezes funciona. Se Sarney viu buracos em São Luís significa que,
finalmente, deixou em paz o helicóptero do GTA e resolveu se locomover em seu
próprio carro. Ou, então, aderiu ao jumento solenemente sugerido pelo deputado
Magno Bacelar. Toda notícia tem seu fator principal e o importante nessa
notícia não é que existam buracos em São Luís; importante é que Sarney tenha
visto esses buracos.
Ora,
esses buracos estão aí desde a primeira administração Mauro Fecury quando
Sarney, esburacando a liberdade civil, nomeava prefeitos. São buracos muito
velhos. Tem buraco tão antigo que é capaz de ter mais tempo de poder em sua rua
que Sarney de poder no Maranhão. Tem buraco tão velho que viu Sarney se fingir
de democrata para chegar ao governo do Estado e logo em seguida se aliar à
ditadura. Buraco tão usado que pelos serviços prestados merecia receber de
Roseana Sarney a Medalha do Mérito Timbira ou uma nomeação para o Tribunal de
Contas do Estado na missão de tapar buracos nas contas do governo.
Gente,
se Sarney, que só se desloca em aeronaves pagas com o dinheiro do povo, viu um
buraco é porque a coisa realmente está séria. Em Brasília, onde trabalha há
quase meio século, não tem buracos e se ele viu algum foi nas contas das
estatais dirigidas por seus indicados e nomeados. Na Ilha de Curupu, onde
reside, não tem buracos. Tem energia elétrica farta, água da Caema mais farta
ainda, tem mansões, parques temáticos, cavala-canga, computadores, escritores,
advogados, mas buraco que é importante, não tem.
É
surpreendente. Sarney foi governador, é senador há muito tempo, foi presidente
da República durante seis anos e nunca tinha visto um único buraco em São Luís.
Se visse, tapava. Sua filha já governa o Maranhão há quase 12 anos e vai ver
também nunca tinha visto um buraco na cidade. Está explicado, então, porque em
quase 50 anos de governo nada fizeram para tapar tantos buracos. Sarney só
agora sabe da existência dos buracos. Mas faz tempo que o povo sabe dos buracos
na existência de Sarney.
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